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Cine acessível: Professora promove a acessibilidade em sala de cinema

Cine acessível: Professora promove a acessibilidade em sala de cinema

Em conformidade com a Lei Brasileira de Acessibilidade (LEI Nº 13.146, do dia 6 de julho de 2015), que prevê o acesso de pessoas com deficiência ao lazer, educação, cultura, saúde e justiça, a professora Fernanda Queiroz enxergou a necessidade de utilizar a sala de cinema disponível na universidade para promover um espaço acessível. 

A professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Fernanda Queiroz, leciona na área de Educação Especial e atua no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação. Pautada pela Lei Brasileira de Acessibilidade, a docente teve a iniciativa de utilizar uma sala de cinema da universidade para proporcionar, à deficientes visuais e auditivos, o acesso à cultura e educação. 

Ela resolveu iniciar uma tentativa de mesclar acessibilidade cultural e educacional enquanto divulgava a Lei que, em 2017 e 2018 – quando o projeto foi colocado em prática – ainda era recente e desconhecida por muitas pessoas. 

Respaldada pela lei que visa garantir a igualdade de direitos e a não discriminação, a proposta da professora Fernanda foi oferecer sessões de cinema com recursos de acessibilidade da Tecnologia Assistiva, como audiodescrição, legenda oculta (Closed Caption) e janela de libras. O projeto foi destinado a estudantes da universidade e a pessoas com deficiência da comunidade, para promover de forma mais ampla a acessibilidade cultural. Por conta disso, a sessão realizada foi aberta ao público e amplamente divulgada. 

O projeto objetivou, entre outras coisas, a divulgação da importância da acessibilidade em sala de aula e o incentivo à pesquisa na área de Educação Especial e inclusiva. Para trabalhar o assunto de forma educativa, a audiodescrição não era destinada apenas aos deficientes auditivos, que comumente utilizam fones de ouvido, mas todos os estudantes tiveram acesso a ela. Da mesma forma, a janela de libras e a legenda passaram na tela de cinema para todos os presentes.   

A professora comentou que a prática pode ser adaptada, de acordo com as necessidades da turma, mas, nesse caso, foi decidido que utilizariam todos os recursos simultaneamente. Fernanda contou que, na universidade, há uma sessão adaptada para crianças autistas, com som e iluminação ajustados, portas abertas. Além da sessão adaptada, há também, na parte externa, um ambiente aconchegante, caso a criança não queira assistir ao filme todo etc. Isso evidencia, assim como ela afirma, que é possível trabalhar o cine acessível em qualquer nível de ensino. 

A docente explicou que, caso não haja uma sala de cinema disponível, é possível adaptar o ambiente a partir da instalação de caixas de som, computador, datashow e outros recursos disponíveis. Essa adaptação, inclusive, foi realizada pela professora em uma biblioteca da cidade a pedido dos estudantes. 

O projeto foi amplamente valorizado na universidade, pelo respaldo legislativo e devido ao interesse em fazer da instituição de ensino um ambiente em que todos os estudantes possam se sentir incluídos. Antes e depois de cada sessão, a professora buscou debater o tema, com a ideia de chamar a atenção de todos os alunos sobre a importância da busca de recursos para promover a acessibilidade. 

Muitos ainda não conheciam a audiodescrição e aprovaram a iniciativa do cine acessível. Puderam ainda comentar sobre a dificuldade de promover a audiodescrição, uma vez que ela não pode sobrepor as vozes dos personagens, por exemplo. 

Além disso, foi debatida a importância das tecnologias assistidas e de se pensar em recursos pedagógicos inclusivos em sala de aula. Todos os estudantes puderam desenvolver habilidades de convivência e trabalho em grupo, não apenas competências profissionais, mas também humanas, o que gerou a criatividade e o pensamento inclusivo. 

Todo o debate resultou, também, em discussões sobre a acessibilidade para chegar ao cinema… 

Segundo Fernanda Queiroz, muitos alunos relataram a dificuldade de acessibilidade na cidade. Para as sessões de cinema, o projeto contou com a parceria do Núcleo de Apoio aos Estudantes com Necessidades Especiais, presente na universidade, que treinou voluntários para auxiliar as pessoas com deficiência a chegarem na sala de cinema. Os voluntários esperavam em pontos de ônibus e acompanhavam as pessoas com deficiência visual até a sessão. 

Conforme explicou Fernanda, todo o debate entre os alunos sobre inclusão gerou discussões de grande importância e incentivou a empatia, uma vez que estes tiveram a oportunidade de se colocar no lugar do outro, percebendo, inclusive, ações simples do cotidiano que podem ajudar pessoas com deficiência. Assim como comentou a docente no encerramento da entrevista, “a gente sempre aprende nessa relação com o diálogo”. 

Ademais, como uma dica para as aulas do dia a dia, Fernanda Queiroz recomendou a outros docentes dar a devida atenção para as cores e fontes dos slides e materiais didáticos, pensando nos estudantes com baixa visão, assim como explicar o motivo dessas escolhas para todos os alunos.  

SAIBA MAIS

No ano de 2015, foi instituída a Lei nº 13.146 ou Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. 

Estatuto da Pessoa com Deficiência. Disponível em:  https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/554329/estatuto_da_pessoa_com_deficiencia_3ed.pdf. 

Trabalho submetido ao Congresso “Direitos Humanos e Educação”, no dia 30 de agosto de 2006, o qual fala sobre os desafios para a garantia de direitos e igualdade. Disponível em:  http://www.dhnet.org.br/educar/1congresso/1_c2006_marilena_chaui.pdf 

Dissertação sobre ampliação da experiência sonora/vibratória para surdos por meio da tecnologia (2016). Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/18027/1/UtilizacaoTecnologiaAmpliar.pdf 

Livro indicado pela professora entrevistada EDUCAÇÃO ESPECIAL EM TEMPOS DE TRANSFORMAÇÃO: VI Congresso Baiano de Educação Inclusiva (VI CBEI) e IV Simpósio Brasileiro de Educação Especial (SBEE). Disponível em: https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/37238-educacao-especial-em-tempos-de-transformacao-brvi-congresso-baiano-de-educacao-inclusiva-vi-cbei-e-iv-simposio-brasileiro-de-educacao-especial-sbee 

Reportagem “Colete permite que pessoas surdas sintam a música por meio da vibração”. Disponível em: https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-brasil-tarde/2022/08/colete-permite-que-pessoas-surdas-sintam-musica-por-meio-da-vibracao 

GUIA DE APRESENTAÇÃO ACESSÍVEL PARA EVENTOS ONLINE. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35272 

Entrevista com Patricia Dornelles sobre acessibilidade cultural no Brasil e políticas públicas (2018). Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/expressaextensao/article/view/14235 

[Análise] BNCC e materiais pedagógicos acessíveis para educação inclusiva. Disponível em: https://observatorio.movimentopelabase.org.br/analise-bncc-e-materiais-pedagogicos-acessiveis-para-educacao-inclusiva 

Tese sobre mobilização contra a discriminação e busca por cidadania do movimento social das pessoas com deficiência no Brasil (2009). Disponível em:  https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-28052010-134630/pt-br.php 

História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil (2010). Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/211/o/Hist%C3%B3ria_do_Movimento_Pol%C3%ADtico_das_Pessoas_com_Defici%C3%AAncia_no_Brasil.pdf?1473201976 

Capítulo “Aprendizagem colaborativa: teoria e prática” do livro Complexidade: Redes e Conexões na Produção do Conhecimento (2014). Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/271136311_Aprendizagem_colaborativa_teoria_e_pratica 

Tese “Virtuosidade em professores de inclusão escolar de crianças com deficiência intelectual” (2011). Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/8166 

Currículo Funcional Natural: Guia prático para a educação na área de autismo e deficiência mental. Disponível em: http://feapaesp.org.br/material_download/566_Livro%20Maryse%20Suplyno%20-%20Curriculo%20Funcional%20Natural.pdf 

Tese “Bibliotecas para cegos na era da informação: diretrizes de desenvolvimento”. Disponível em: https://repository.ifla.org/handle/123456789/555 

Artigo “Informação e conhecimento acessíveis aos deficientes visuais nas bibliotecas universitárias”. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-99362012000100009 

Artigo “As Tecnologias Assistivas e a Atuação do Bibliotecário como Intermediário entre as Fontes de Informação e o Deficiente Visual”. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/moci/article/view/16942 

A bibliometria: história, legitimação e estrutura. Disponível em: https://www.academia.edu/1390400/A_BIBLIOMETRIA_HISTORIA_LEGITIMA%C3%87%C3%83O_E_ESTRUTURA#:~:text=Potter%20(1981)%20define%20a%20Bibliometria,o%20processo%20de%20comunica%C3%A7%C3%A3o%20escrita 

Artigo “Informação, ciência, política científica: o pensamento de Derek de Solla Price”. Disponível em: https://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view/50 

Artigo “Educação na era digital: a escola educativa”. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-4698151481 

Assista à entrevista com

Fernanda Queiroz

Vídeo dos conceitos

Depoimento do estudante

“Participei do ‘Projeto Cine Acessível: olhar inclusivo sobre a acessibilidade cultural’ como monitora da professora Fernanda Gutierres de Queiroz. Foi uma experiência incrível. Encontrávamo-nos duas ou três vezes por semana para realizar pesquisas de campo, pesquisa documental, grupos focais, exibição de filmes com audiodescrição, observação direta e indireta e até transcrição dos áudios dos grupos focais. Nos quais pude adquirir e compartilhar muitos conhecimentos de Fernanda. Hoje tenho a certeza de que o projeto me ofereceu muitos recursos pedagógicos para atuar como professora, junto aos alunos com deficiência visual em sala de aula do ensino regular, na complementação da minha prática de ensino, contribuindo com o fortalecimento da técnica como prática inclusiva na sala de aula e na sociedade, além de me oferecer assim o desenvolvimento igualitário com todos os alunos no mesmo ambiente de aprendizagem. 

Fernanda sempre gostou de compartilhar seus conhecimentos. Hoje só tenho que agradecê-la pela oportunidade de participar desse rico projeto de acessibilidade e ensinamentos. Os espaços que me foram oferecidos transformaram minha vida profissional e pessoal acessível a todas as pessoas com todos os tipos de deficiência. A prova desse rico aprendizado trago comigo até hoje, colocando em prática sempre que possível todos os dias na minha prática pedagógica em sala de aula regular, onde acolho alunos com vários tipos de deficiência”.

– Márcia Pires Fernandes 

 

Materiais de apoio

GUIA DE APRESENTAÇÃO ACESSÍVEL PARA EVENTOS ONLINE. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35272 

Livro indicado pela professora entrevistada EDUCAÇÃO ESPECIAL EM TEMPOS DE TRANSFORMAÇÃO: VI Congresso Baiano de Educação Inclusiva (VI CBEI) e IV Simpósio Brasileiro de Educação Especial (SBEE). Disponível em: https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/37238-educacao-especial-em-tempos-de-transformacao-brvi-congresso-baiano-de-educacao-inclusiva-vi-cbei-e-iv-simposio-brasileiro-de-educacao-especial-sbee 

 

Autoria

Milena Nascimento

Curadoria

Milena Nascimento

Entrevista

Maria Fernanda Schneider

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