Ao reconhecer a necessidade de melhorar a qualidade da água consumida em algumas propriedades rurais de Arapongas e região, e de proteger o meio ambiente, o professor Ricardo Augusto levou seus alunos para conservar as nascentes das comunidades com o Projeto Água Limpa
O Professor Doutor Ricardo Augusto da Silva atua como extensionista rural na Diretoria de Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos, com foco em saneamento ambiental, especialmente na conservação de nascentes. É também docente do curso de Agronomia, coordenador e professor do curso de Pós-Graduação em Fertilidade do Solo e Nutrição Mineral de Plantas, na Universidade Unopar Anhanguera, no campus Arapongas.
No curso de Agronomia, com a colaboração das instituições da região, o docente leva os seus alunos para conservar nascentes, um trabalho que é realizado há mais de dez anos. Nas áreas rurais, muitas vezes a água utilizada nas propriedades é captada de nascentes permanentes, em que são formadas as chamadas minas. O professor afirma que, apesar de sua formação natural, isso não significa que elas sejam puras, uma vez que são abertas e ficam expostas à sujeira, insetos e roedores.
Projeto Água Limpa: como isso foi feito na prática?
O Ensino Baseado em Problemas ou Problem Based Learned (PBL) consiste no estudo de um impasse real que precisa ser investigado e, na sequência, são propostas soluções. Ricardo traz isso para a prática na universidade a partir das técnicas de manejo e conservação do solo e da água, com o Projeto Água Limpa. Mas de que forma isso é realizado?
O professor relata um dos trabalhos desempenhados na universidade, o de proteger, por meio da utilização do solo-cimento, as Áreas de Preservação Permanente – APP. Primeiramente, eles localizam as fontes e solicitam a autorização do proprietário da terra, uma vez que a atividade é efetuada em propriedades privadas. Para localizá-las, utiliza-se o software Google Earth.
O docente conta que o conteúdo é passado em sala de aula, abordando todos os materiais necessários e o passo a passo para proteger ou recuperar uma nascente. Depois disso, ele leva os alunos a campo para o trabalho manual. O solo-cimento é uma das estratégias de conservação para manter a limpeza da água e torná-la adequada para o consumo. Além disso, eles também plantam árvores ao redor de alguns olhos d’água quando é necessário. Para isso, o professor indica o aplicativo Paraná Mais Verde, que oferece mudas de plantas nativas gratuitamente para o reflorestamento.
Para identificar o que precisa de cuidados nas nascentes, a turma realiza uma análise física e biológica de um material coletado em campo. E, com o intuito de avaliação dos estudantes, o docente acompanha de perto o trabalho e reflete sobre todo o processo para verificar o aprendizado.
Preocupado com a conservação da natureza, Ricardo Augusto mostra como o estado é rico em unidades hidrográficas e defende que a água precisa ser valorizada e preservada para que não falte. Além disso, é necessário torná-la apropriada para o consumo, para que não transmita doenças. Dessa forma, o professor ressalta a importância de realizar o trabalho onde estão as minas que os moradores utilizam de fato, pois, muitas vezes, eles precisam de orientação de como cuidar da água de forma apropriada e esse auxílio é muito bem-vindo.
Como aplicar o PBL em outros contextos
O professor Ricardo afirma que para identificar os problemas reais da sociedade é preciso conhecer o campo, experienciar, mas também ouvir a comunidade e se comunicar. Ele incentiva as aulas práticas e aconselha que, caso o professor não tenha experiência prática, realize um trabalho de extensão com a comunidade, ouvindo-a com atenção, já que essas pessoas conhecem os reais problemas enfrentados.
Por esse motivo, o docente também incentiva a prática da oratória, trabalhos com seminários para desenvolver a comunicação, vista por ele como essencial para o PBL e para a vida acadêmica, profissional e pessoal.
SAIBA MAIS
“Atividades de campo no ensino das ciências e na educação ambiental: refletindo sobre as potencialidades desta estratégia na prática escolar” (2009), de Alessandra Aparecida Viveiro e Renato Eugênio da Silva Diniz. Disponível em: http://www.cienciaemtela.nutes.ufrj.br/artigos/0109viveiro.pdf
“Team Based Learning: Contribuições da Metodologia na Perspectiva da Teoria da Aprendizagem Significativa” Disponível em: https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/3505/6440
“Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa” (1994), de Ivani Catarina Arantes Fazenda. Disponível em: https://www5.pucsp.br/gepi/downloads/pdf_resenhas_profa_ivani/inter_historia_teoria_e_pesquisa.pdf
Livro “A Prática Educativa: Como ensinar” (1998), de Antoni Zabala. Disponível em: https://www.ifmg.edu.br/ribeiraodasneves/noticias/vem-ai-o-iii-ifmg-debate/zabala-a-pratica-educativa.pdf
“Avaliação formativa: a auto-avaliação do aluno e a autoformação dos professores” (2005), de Lizete Maria Orquiza de Carvalho e Carmem Lídia Pires Martinez. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-73132005000100011
Capítulo 5 do livro “Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula” (2006), das organizadoras Léa das Graças Camargos Anastasiou e Leonir Pessate Alves, intitulado “Avaliação formativa no ensino superior: que resistências manifestam os professores e os alunos?”, de Joana Paulin Romanowski e Lílian Anna Wachowicz. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/388519/mod_resource/content/3/12nov2015CAPITULO5Avalia%C3%A7%C3%A3o%20formativa%20no%20ensino%20superior.pdf