No dia 6 de outubro de 2023, o II Ciclo do seminário avançado “Conversas com quem gosta de ensinar” teve a contribuição da prática docente da Profa. Me. Bruna Isadora Thomé (UniCuritiba). Graduada em Fisioterapia, especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica e Mestra em Tecnologia em Saúde pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Bruna atualmente cursa Biomedicina na mesma universidade em que leciona nos cursos de saúde, UniCuritiba. A docente também desenvolve conteúdo para o Instagram.
O tema da conversa foi a implementação do modelo biopsicossocial da CIF para acadêmicos. A sigla foi aprovada pela Organização Mundial da Saúde em 2001 e corresponde à Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, sistema que classifica e descreve a incapacidade e a funcionalidade análogos às condições de saúde, buscando enfatizar não só as consequências da doença, mas a funcionalidade como um componente de saúde. Ela pode ser utilizada de forma complementar a Classificação Internacional de Doenças (CID), que é mais conhecida e disseminada.
Por meio de estudos de caso, redes sociais e a vivência na prática de estágio supervisionado, Bruna busca uma formação diferenciada para os graduandos da área da saúde com a promoção da CIF e de um tratamento humanizado para o paciente.
A colaboração entre pares e a formação continuada
Em sua fala, a professora Bruna enfatiza a necessidade do professor prezar por uma formação continuada, se atualizando em conformidade com os novos tempos e demandas, estando assim preparado para trabalhar com conteúdos complexos com os estudantes. Acerca disso, a colaboração entre os docentes se mostra fundamental, pois “os professores se engajam mais facilmente quando são estimulados por seus pares e percebem a aplicabilidade das proposições e das reflexões resultantes do processo de formação docente” (Meyer; Vosgerau; Borges, 2018, p. 326). Um exemplo dessa colaboração relatado por Thomé foi o esforço conjunto com sua colega de trabalho a fim de traçar caminhos para a operacionalização da CIF. “E juntas começamos a conversar sobre a questão do modelo e da CIF, do que a gente pode fazer colorir esse mundo, tirar o preto e branco”, disse na entrevista, ressaltando como é vital e produtiva a colaboração entre pares.
Além disso, Bruna também menciona brevemente a necessidade de reflexão do professor sobre sua prática, ou seja, a precisão de se atentar à abordagem da CIF, uma vez que é um assunto complexo e frequentemente causa um receio instantâneo nos alunos, e por isso o docente deve se certificar de que sua prática tem o caráter facilitador e integrativo.
A presença da transdisciplinaridade
Em cursos da saúde, é recorrente a necessidade do trabalho comum entre as graduações. No próprio Observa, juntamos graduandos de diferentes graduações para colaborar e aprender mutuamente. Tendo isso em vista, vale destacar que a CIF não é uma ferramenta exclusiva da saúde: ela pode ser aplicada e beneficiar outros campos de atuação das humanidades.
Estudos + Instagram
A docente comenta a utilidade do Instagram como uma maneira diferente de aprender. O chamado studygram consiste numa comunidade de pessoas, comumente jovens, que veem nessa rede social uma possibilidade de aprendizado e ampliação dos mais diversos tipos de conhecimento, unindo-se para explorar o máximo potencial do Instagram para o próprio benefício de aprender com uma ferramenta da qual gostam. Assim, afasta-se a visão de que redes sociais são apenas para entretenimento. Bruna desenvolve conteúdo da CIF para a rede por meio do perfil @integracif.
Intertextualidade
Para a mestra, é muito importante tornar o entendimento da CIF mais fácil para os estudantes, traduzindo a conceituação difícil para um vocabulário mais acessível, real e prático. Foi assim que ela iniciou, em conjunto com sua colega de trabalho, a criação de conteúdos sobre o assunto, propiciando uma intertextualidade que muito auxiliou na absorção da matéria pelos alunos, que puderam associá-la a outros tipos de texto.
SAIBA MAIS
“Colaboração entre pares em programas de desenvolvimento profissional docente”, disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/10655
“Currículo: discussões no campo da transdisciplinaridade e da educação tecnológica”, disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/reamec/article/view/5319
“A reflexão e a formação contínua: relatos de uma professora formadora”, disponível em: https://www.scielo.br/j/ciedu/a/yrV4PW6SJdtC3VZQrJphcfq/?lang=pt#.
“Da sala de aula para o Instagram: os studygrammers e o ensino-aprendizagem em ciências e biologia”, disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/reamec/article/view/13357
“O aprender fazendo: representações sociais de estudantes da saúde sobre o portfólio reflexivo como método de ensino, aprendizagem e avaliação”, disponível em: https://www.scielosp.org/article/icse/2014.v18n51/771-784/#.
“Studygram: Learning Influencers.”, disponível em: https://eric.ed.gov/?q=studygram&id=EJ1239109.
“Trabajo colaborativo docente: nuevas perspectivas para el desarrollo docente”, disponível em: https://www.scielo.br/j/pee/a/vpzD7cLnVpQ3CmrVCkvBhyx/?lang=es#.
“Monodisciplinarity in Science versus Transdisciplinarity in STEM Education”, disponível em: https://eric.ed.gov/?q=transdisciplinarity&pr=on&ft=on&id=EJ1310280.
“The Role of Instagram, Facebook, and YouTube Frequency of Use in University Students’ Digital Skills Components”, disponível em: https://eric.ed.gov/?q=instagram+and+study&pr=on&ft=on&pg=2&id=EJ1323134.
“Expansão e contração dialógica na mídia: intertextualidade entre ciência, educação e jornalismo”, disponível em: https://www.scielo.br/j/delta/a/jtwzRpMb7Rg76Nxbwd5FfRh/?lang=pt#.