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Engajamento e parceria dos estudantes nas primeiras semanas de aula

Engajamento e parceria dos estudantes nas primeiras semanas de aula

O dia 29 de fevereiro de 2024 marca o início do nosso III Ciclo de “Conversas com quem gosta de ensinar”. E quem fez parte do começo desse novo ciclo foi a professora Luci Michelon Lohmann. Graduada em Ciências Contábeis pela Faculdade Católica de Administração e Economia (FAE), a professora também é mestra em Engenharia de Produção e Sistemas, Formação na área de Contabilidade e Negócios pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Ainda, atuou como coordenadora na Pontifícia Universidade Católica do Paraná no curso de graduação de Ciências Contábeis e de diversos cursos de Especialização e Extensão. Além disso, ela atua junto ao Núcleo de Excelência Pedagógica da Escola de Negócios da PUCPR no desenvolvimento e implementação de matrizes curriculares por competência, voltadas aos cursos de graduação, especialização e extensão nas modalidades presencial e EaD e também compõe a Comissão Própria de Avaliação da PUCPR e o Núcleo Docente Estruturante dos cursos presenciais e EaD da mesma instituição.

Os primeiros dias de aula

No primeiro dia de aula, mais do que ter certeza de que o cronograma proposto será seguido, o docente necessita utilizar o tempo a seu favor em busca de estabelecer uma boa relação com a turma e encorajar que uma convivência amigável seja construída entre os estudantes. É preciso direcionar a classe para mais “comos” e “porquês”, sem, é claro, perder o controle do que está sendo feito, aproveitando também para introduzir o conteúdo a ser trabalhado (Meyers; Smith, 2011).

É uma prática como essa que está presente na conduta especialmente adotada para o primeiro dia em sala de aula pela professora Luci: hábitos de escuta ativa e compartilhamento de experiências de vida que perduram ao longo de todo o ano letivo para que o estudante se integre à turma e se conecte com a docente mais facilmente.

Deep learning

Diferentes tipos de avaliação podem contribuir para a aprendizagem profunda, ao mesmo tempo que melhoram o pensamento crítico e as competências analíticas; para isso, a avaliação deve ser explicitada, alinhada com resultados de aprendizagem que considerem a aprendizagem profunda em termos de aquisição de conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e compreensão de conceitos básicos no que é aprendido (Masuku; Jili; Sabela, 2021).

Estabelecendo uma relação de respeito com o próximo, Luci consegue mobilizar uma aprendizagem significativa, de longa duração, levando os alunos a compreenderem a importância do conteúdo e a utilidade disso na vida profissional. Além disso, quando eles explicam o que sabem aos colegas – flipped classroom, ou sala de aula invertida, estratégia conhecida como uma das bases para uma aprendizagem que perdura –, se sentem motivados e vislumbram como é ser autoridade naquilo que dizem. Dado que, na educação, com as mudanças globais e avanço das tecnologias, faz-se necessário uma inovação na forma de ensinar, para motivar e instigar o interesse dos estudantes. Nessa concepção, no ensino superior, os recursos pedagógicos inovadores podem estimular a aprendizagem e o engajamento acadêmico (Wiebusch; Lima, 2018).

Soft skills: Colaboração/Recurso socioemocional

A comissão europeia (2018) afirmou que habilidades socioemocionais (ou soft skills) ajudam os indivíduos a aprenderem a reagir sobre situações incertas. “Um grau mais alto de regulação emocional está relacionado a uma experiência mais baixa de fatores de estresse” (Corredor; Hung, Peral, 2022 apud López; Ruiz; Simón, 2021). Nesse sentido, podemos observar que as soft skills são necessárias e muito bem-vindas em todas as áreas da nossa vida. A professora comenta sobre a procura por soft skills no mercado de trabalho estar muito alta, tomando como exemplo o trabalho colaborativo, e sobre como essa habilidade pode te impulsionar no âmbito profissional. Baseada nessa percepção, ela encoraja os alunos de suas matérias a aprenderem utilizando o trabalho colaborativo, conectando-o também ao aprendizado de longa duração.

Relacionando a prática de Luci com o conhecimento que se tem sobre as soft skills é possível perceber que a docente incorpora, de modo produtivo, esses elementos em seu ensino. Por apresentar esses meios de apoio ao desenvolvimento socioemocional dos sujeitos, isso traz não somente uma aprendizagem significativa em relação ao conteúdo ministrado, mas também torna os estudantes mais preparados para a imprevisibilidade.

Avaliação docente e desenvolvimento de recursos socioemocionais pelo professor

Vale ressaltar que, embora o desenvolvimento de habilidades brandas seja fundamental para os estudantes do ensino superior, o professor também deve trabalhar para alcançá-las. Nesse caso, em especial a escuta ativa, a comunicação efetiva e a inteligência emocional são indispensáveis para uma relação interpessoal eficiente com a turma, ultrapassando os limites técnicos e adentrando numa educação humana e sensível.

Para garantir que essas relações de ensino-aprendizagem estejam sendo positivas, a avaliação docente feita pelo corpo discente é vital, pois é através dela que o profissional da educação pode receber feedback sobre seu desempenho. No entanto, é necessária inteligência emocional também para receber esse retorno, pois aspectos negativos também podem ser destacados e a melhoria advém de uma reflexão saudável sobre a prática.

SAIBA MAIS

“The first day of class”, de Sal Meyers e Brian Smith, disponível em: https://quod.lib.umich.edu/t/tia/17063888.0029.015?view=text;rgn=main.

The first day of class, IT Knowledge Based da North Dakota State University. Disponível em: https://kb.ndsu.edu/page.php?id=131405.

“Assessment as a Pedagogy and Measuring Tool in Promoting Deep Learning in Institutions of Higher Learning”, de Masuku, Jili e Sabela, disponível em: https://eric.ed.gov/?q=deep+learning&pr=on&ft=on&id=EJ1285666.

European commission. Recomendación del Consejo, de 22 de mayo de 2018, relativa a las competencias clave para el aprendizaje permanente. 2018. Disponível em: https://ec.europa.eu/transparency/regdoc/rep/1/2018/ES/COM-2018-24-F1-ES-MAIN-PART-1.PDF. Acesso em: 13 jun. 2024.

Cuevas lópez, m.; ávalos ruiz, i.; lizarte simón, e. J. Emotional Cognitive Regulation in University Students during Lockdown: A Comparative Analysis of Students from Spanish Universities. Sustainability, v. 13, n. 12, p. 6946, June 2021. DOI: 10.3390/su13126946. Disponível em: https://www.mdpi.com/2071-1050/13/12/6946. Acesso em: 13 jun. 2024.

Said-Hung, E., Rodríguez-Peral, E. M., & Corredor, C. M.. (2022). Management and academic anxiety in Ibero-American higher institutions students during COVID-19. Texto Livre, v. 15, e38733. Disponível em: SciELO – Brasil – Management and academic anxiety in Ibero-American higher institutions students during COVID-19 Management and academic anxiety in Ibero-American higher institutions students during COVID-19. Acesso em: 13 jun. 2024.

Wiebusch, A., & Lima, V. M. do R. (2019). Inovação nas práticas pedagógicas no Ensino Superior: possibilidades para promover o engajamento acadêmico. Educação Por Escrito, 9(2), 154–169. https://doi.org/10.15448/2179-8435.2018.2.31607 Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/porescrito/article/view/31607. Acesso em: 10/11/2024

 

Assista à entrevista com

Profa. Luci Michelon Lohmann

Vídeo dos conceitos

Autoria

Anna Beatris Pereira (revisado por Ana Gabryele Braga)

Curadoria

Vânia Terra

Entrevista

Patricia Meyer

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