No dia 31 de agosto de 2023, o Portal Observa contou com a fala de Yasmin Gomes Casagranda para o II Seminário Avançado “Conversas com quem gosta de ensinar”. A docente possui duas graduações, uma em Ciências Contábeis e outra em Administração, este que foi o curso que a professora decidiu seguir como pesquisadora até se tornar pós-doutora. Atualmente, é professora adjunta na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Administração Pública Profiap/ESAN/UFMS. Atua nas áreas de Administração Financeira e Orçamentária, Mercado de Capitais e Finanças Públicas.
Empatia e relações interpessoais
Em sua contribuição, a professora entrevistada enfatiza a importância de uma relação horizontal com o estudante, sem tensões ou barreiras que possam prejudicar o relacionamento, o respeito ou até mesmo minar a vontade do educando em estudar.
Para isso, é preciso que o professor flexibilize sua atuação e perceba o estudante como ser humano portador de vivências que podem ser difíceis, e é inevitável que acontecimentos pessoais interfiram no rendimento em sala de aula.
Dessa forma, cabe ao professor estabelecer uma relação personalizada cujo objetivo seja engajar a turma e mostrar o objeto de estudo como algo significativo e que pode ser aprendido, eliminando o sentimento de incapacidade que o tão comum temor das ciências exatas provoca.
Levantamento Preliminar: valorização do repertório do estudante
A docente considera importante que o professor não se coloque como detentor do conhecimento absoluto, mas que esteja aberto a aprender e a evoluir em sua própria prática. Tanto o educador quanto o educando estão em constante mudança e aprendizado, portanto, todos estão envolvidos na construção empírica dos saberes.
A atuação docente também deve visar o mapeamento daquilo que o estudante traz consigo como conhecimentos gerais e de mundo, para então dar prosseguimento ao conteúdo a ser trabalhado considerando o levantamento preliminar como um ponto diagnóstico de partida.
Ensino como prática de liberdade e de autorregulação
Ser professor implica não só trabalhar a matéria com os estudantes, mas prepará-los para a vida em sociedade. Para que o estudante se veja como indivíduo responsável por suas próprias escolhas e ações, é preciso fornecer essa liberdade também em sala de aula, do contrário, incentiva-se a passividade.
Assim, o ensino se mostra como prática de liberdade, em que o estudante é livre para comandar seu próprio aprendizado, num movimento de autorregulação de seus estudos, bem como experiência de liberdade no que diz respeito a permissão do encontro com a própria essência e em seu exercício consciente de cidadania perante o Estado.
SAIBA MAIS
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967. Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/otp/livros/educacao_pratica_liberdade.pdf.
LAMBACH, Marcelo; MARQUES, Carlos Alberto; SILVA, Antonio Fernando Gouvêa da. Avaliação de processos para a formação docente fundamentados na perspectiva dialógico-problematizadora: categorias de análise. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 26, n. 100, p. 1128-1150, jul./set. 2018. Disponível em: https://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/ensaio/article/view/1105/0.
SEMENSATO, Michel Teston et. al. Revisão sistemática de estudos sobre a autorregulação da aprendizagem da matemática no ensino superior. Bolema: Boletim de Educação Matemática, v. 37, n. 75, p. 218–249, jan. 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-4415v37n75a11.
ZHOU, Ziqian. Empathy in Education: A Critical Review. Internacional Journal for the Scholarship of Teaching & Learning, Georgia, v. 16, n. 3, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.20429/ijsotl.2022.160302.