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Uso de PjBL no Ensino de disciplinas de Métodos Quantitativos

Uso de PjBL no Ensino de disciplinas de Métodos Quantitativos

Wesley Marcos de Almeida veio nos contar, no dia 9 de novembro de 2023, sobre sua experiência como professor na área de exatas e o uso que faz do PjBL nas disciplinas de métodos quantitativos. Wesley é graduado em Processamento de Dados, mestre em Administração e doutor em Educação, além de lecionar na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). 

A vida muitas vezes nos surpreende, traçando caminhos inusitados para nós, que nunca havíamos sequer imaginado percorrer. Foi o que aconteceu com nosso convidado, que tinha em mente uma carreira baseada no desenvolvimento de softwares e no atendimento a empresas, sem cogitar a docência como possibilidade para sua vida e seu perfil. No entanto, foi pego de surpresa quando sua ex-professora Elvira Maria Alves Nunes o convidou a trabalhar com ela em um projeto de análise estatística para pesquisas de mestrado e doutorado. “E foi ela que me motivou a ir para a sala de aula: eu experimentei, gostei e foi uma coisinha que eu provei e nunca mais consegui sair, sabe?”, relata Almeida. Biesta (2013) defende que o papel do professor é trazer coisas radicalmente novas para o estudante. Nesse caso, isso ocorreu de um modo que a professora Elvira mudou o rumo da sua vida através de um simples convite. 

O PjBL (Project Based Learning, ou em português, Aprendizagem Baseada em Projetos) refere-se a um método no qual é feito uso das práticas da gestão de projetos em sala de aula, com o objetivo de tornar o ensino mais efetivo. Ele funciona de modo que há uma indagação inicial, e então há uma longa investigação buscando respondê-la. No ensino das disciplinas de método quantitativo, Wesley explica que começou refletindo sobre a forma como os alunos aprendiam matemática de uma forma vaga e sem profundidade desde a Educação Básica. Foi com essa reflexão que começou a pesquisar metodologias que pudesse usar para incentivar a verdadeira compreensão dos alunos, não apenas a memorização, como acontecia na escola. Foi no Project Based Learning que ele encontrou a possibilidade de conectar a teoria e os conceitos matemáticos com o uso prático e imediato na disciplina. Wesley explica que o método não é infalível, mas que, em sua experiência, tem sido muito mais efetivo por dar aos alunos esse link. 

Para a implementação dessa estratégia, o professor propõe à turma, logo na apresentação dos conteúdos, que escolham um tema para pesquisa, um problema, e, a partir dele, desenvolvam um projeto de análise. Especialmente na disciplina de Estatística, utiliza o PjBL para colocar o aluno em um contexto de pesquisa quantitativa, de temas com apelo social importantes para os alunos (exemplos: dificuldades encontradas para conquistar o primeiro emprego; qualidade de vida dos universitários; relação do gênero e mercado de trabalho; relação entre a taxa de desemprego e a violência no Brasil), em que os conceitos estatísticos vêm ao encontro às necessidades da pesquisa. Esta estratégia mudou a forma como os alunos encaram a disciplina, vendo propósito e uso para os conceitos, mas também mudou a forma como o professor encara a importância da disciplina para o perfil profissional e pessoal dos alunos.  

A Figura abaixo ilustra o raciocínio proposto na disciplina de Estatística Aplicada a Negócios. Paralelamente aos conceitos que contemplam o Plano de Ensino, transcorrem as etapas do projeto, e mais, os conceitos são utilizados diretamente para o sucesso das etapas.  

Ao final, como forma de praticar a síntese e crítica, o projeto resulta em um relatório de análise. 

Em busca de um entendimento maior sobre o conhecimento adquirido pela turma, é comum que o professor aplique avaliações formativas, cujo objetivo está no mapeamento tanto do que o estudante compreendeu quanto do que ainda falta alcançar como meta e avanço de conteúdo. O docente utiliza isso em sua prática para monitorar a experiência dos alunos, observando se a técnica está sendo aplicada adequadamente e averiguando o andamento da aprendizagem dos estudantes. Para isso, Wesley promove até mesmo a sala de aula invertida, momento em que o estudante deve apresentar a ele o que fez, defendendo o próprio ponto de vista e a tomada de decisão com embasamento. 

Wesley valoriza uma educação em que o estudante seja o protagonista, o foco da ação. Dessa forma, está alinhado com os interesses do estudante, para que ele aprenda da melhor forma, recorrendo aos métodos de ensino que mais façam sentido naquele contexto. Assim, o docente entrevistado personaliza sua prática e entende que haverão momentos em que metodologias tradicionais serão necessárias e não podem ser descartadas para dar lugar às ativas simplesmente pela premissa de tais se mostrarem como um diferencial em sala de aula. Acima de tudo, o aluno deve ser visto e valorizado como figura em processo de formação que urge um ensino cujo centro sejam os processos de significação efetivos que compõem seu aprendizado. 

SAIBA MAIS

ALMEIDA, Wesley Marcos. Paradigmas Inovadores e os Impactos no Ensino de Disciplinas Quantitativas em Cursos de Graduação na Área de Negócios. 2020. Disponível em: https://bit.ly/4bycAPl

ALMEIDA, Wesley Marcos; GUEBERT, Mirian Celia Castellain. Diferentes Recursos para o Ensino da Estatística In: XI Encontro Nacional de Educação Matemática, 2013. Disponível em: https://www.academia.edu/45171761/Diferentes_Recursos_para_o_Ensino_da_Estatistica   

DEMO Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 1996.

Assista à entrevista com

o Professor Dr. Wesley Marcos de Almeida

Comentário sobre o vídeo do editor

Depoimento do estudante

Segue alguns comentários dos alunos sobre a prática apresentada pelo professor: 

– “Aprendi a manusear o Excel com mais facilidade depois das aulas deste professor.”

– “Realmente gosto do entusiasmo do professor, ele é sempre muito paciente com as nossas dúvidas. Ele ensina a matéria através de exemplos, o que facilita bastante, e sempre busca diferentes exemplos.”  

– “Consegui entender o assunto pesquisa muito melhor do que na aula de pesquisa que a gente teve, e o professor sempre tenta nos incentivar e nos ajudar.”

– “Gosto da ideia de projetos integrados dentro das disciplinas, dão uma dinâmica bem diferente dos métodos mais tradicionais, também trazem um incentivo a mais ao estudante, por ser algo que ele desenvolve (aplicando o conhecimento na prática) desde o início até o resultado final.

– “Método de ensino sensacional. A forma de ensinar é muito leve, tornando a aula agradável e o conteúdo também. Um professor sempre disponível, independente do dia e horário. Todas as vezes que senti dúvidas elas foram sanadas com muita clareza.

– “Apreciei a oportunidade de aprender a usar o Excel junto com a matéria.

– “Aprendi que a atenção é essencial para a realização da disciplina e que o trabalho e colaboração da equipe é essencial para o trabalho final.

– “É uma disciplina muito interessante, que dá sempre vontade de aprender mais coisas.”  

– “As aulas tiveram uma dinâmica que tornou o conteúdo mais fácil de ser entendido. Gostei da separação dos grupos no chat do collab e o fato do professor entrar em cada um para nos ajudar e dar feedback.” 

– “Conhecimentos sobre assuntos diferentes e assuntos do momento! Como utilizar a estatística de várias maneiras e principalmente saber números exatos de uma pesquisa!

– “Desenvolvi habilidades no Excel, o que eu tinha muita dificuldade. E tudo parecia muito difícil até por em prática, com as super explicações desse professor muito querido!”  

– “A disciplina além de nos proporcionar aprimorar nossos conhecimentos em Excel, nos faz desenvolver um senso crítico maior, pensando sempre por um lado estatístico, ainda mais no cenário em que estamos agora, onde tudo ao nosso redor se diz respeito a dados e estatísticas devido ao vírus. Quanto ao professor, não tenho nada a reclamar, dinâmica excelente, organização perfeita e comunicação eximia.”  

– “A disciplina foi muito bem aproveitada para entender os assuntos estatísticos sobre o cenário atual com pesquisas sobre o covid-19.

– “Gostei do uso dos softwares que utilizamos durante a disciplina, não tinha ideia de como o Excel é desbalanceadamente poderoso, e o Statistica parece ser mais ainda. Desejo mais no futuro poder fazer um curso mais completo do Statistica pois parece ser uma ferramenta bastante útil.  “

– “O que eu mais gostei foi a questão do professor ensinar os conteúdos de forma prática no Excel, não ficou se estendendo na parte teórica.” 

– “As atividades práticas como o Excel e Statistica, com o potencial de usarmos no ambiente de trabalho, aprendemos a usar essas plataformas de uma maneira mais profunda e analítica.” 

– “O método de ensino do professor ao criar apenas um trabalho que precisava ser feito durante toda a disciplina.

– “Eu aprendi muito com essa disciplina, são coisas que só aprendemos exclusivamente com essa disciplina, por ela ser diferenciada e apresentar aquele algo a mais que falta em outras disciplinas, aprendendo muito em fazer análises, conclusões com dados.”

– “A disciplina em si mostra vários pontos interessantes mas o melhor foi o momento de fazer a própria pesquisa. – “A didática e por ser feita através de projetos.

– “Apreciei a mescla entre as atividades propostas a serem realizadas ao longo da disciplina com as aulas expositivas. Agora possuo um entendimento maior sobre o mundo da estatística, podendo fazer analises em contexto real.

Autoria

Anna Beatris Pereira, Éden Clementino e Wesley Marcos de Almeida

Curadoria

Caroline Carmona Marques Gonçalves

Entrevista

Cléber Lopes

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